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16/04/2014

Como gestores ganham dinheiro com "crédito podre"

Entenda como fundos especializados em comprar crédito de empresas a beira da falência conseguem ganhar dinheiro.

No exterior já existe há muito tempo uma modalidade de fundos de investimentos especializada em comprar crédito inadimplido, também chamado de "crédito estressado" ou, numa linguagem mais chula, "crédito podre". Os chamados "Distressed hedge fund" já representam 6% de todo o mercado mundial de Hedge Funds, segundo a MAN Investments. Esses fundos se assemelham aos fundos de private equity tanto do ponto de vista de prazo de investimento e desinvestimento, quanto no potencial de risco e retorno.

O objetivo do fundo é comprar títulos ou obrigações de companhias que já quebraram, ou estão em vias de, por um desconto muito grande e tentar reaver parte dos recursos. Considerando o nível de desconto na compra, esses papéis apresentam um potencial de retorno que pode chegar a 100% do valor investido, com um grau considerável de risco.

Até aqui, nenhuma novidade certo? Alto potencial de risco com alto potencial de retorno. Mas o interessante é que, segundo um estudo de um estudante de PhD da "The Ohio State University" o ativismos desse hedge funds depois da compra desses ativos pode sim potencializar o ganho dos mesmos. No artigo "The Role of Activist Hedge Funds in Distressed Firms", Jongha Lim analisou 184 empresas em dificuldades financeiras para o período de 1998 a 2009 e provou que Hedge Funds conseguem focar no socorro utilizando uma estratégia de investimento chamda de "fulcrum" (suporte), de modo a maximizar a sua influência no processo de reorganização.

Em resumo, a justificativa é a seguinte: Em primeiro lugar, os Hedge Funds orientados para o socorro dessas companhias tendem a direcionar as empresas para reorganização eficiente, tomando como exemplo empresas economicamente saudáveis que eles conhecem bem. Em segundo lugar, quando os Hedge Funds injetam dinheiro, a duração do período de dificuldade é significativamente reduzido. A conclusão é que os investimentos de Hedge Funds estão associados a probabilidades significativamente maiores de reestruturação bem sucedida. Além disso, segundo Lim, os Distressed Hedge Funds rentabilizaram em média 5,4% a mais POR ANO do que o mercado de ações no período estudado.

No Brasil, a Instrução 444 da CVM regula os chamados Fundos de Investimento em Direitos Creditórios Não-padronizados (FIDC-NP) cuja carteira pode ser composta por direitos de crédito performados, inclusive aqueles originados por empresas em processo de recuperação judicial ou extrajudicial, direitos de crédito a performar e qualquer outro crédito não padronizado.

Segundo os dados do Economática esse tipo de fundo começou a atrair recursos em 2008, e já triplicou de tamanho até 2013, mas ainda é pouco representativo na indústria como um todo. Esse mercado ainda é majoritariamente comandado por grandes bancos. Mas alguns assets independentes já começam a se aventurar, utilizando, principalmente, recursos dos próprios sócios e de alguns parceiros muito bem selecionados, como Familly Offices.

Esses fundos ainda são pouco comercializados, pois são de difícil entendimento do grande público, não têm liquidez, são extremamente arriscados e têm precificação não padronizada. Quando um fundo desses compra ativos eles ficam precificados na carteira ao preço de compra, e a precificação só acontece em eventos de liquidez. Por isso, ao consultar a performance desses fundos, não se assustem com os eventuais saltos de rentabilidade ao longo do tempo.

Pra quem tem apetite, bons investimentos!

Fonte: InfoMoney

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